21.4.05
o choro olhou-me de frente
choro
Olhou-me e interrogou-me(...)
Afastou os olhos e, sempre sem mudar de posição,
perguntou-me se eu não falava assim por excesso de
desespero.
(...) levantou-se e fitou-me nos olhos.(...) o olhar não lhe
tremia
(...) emocionado,(...) escutei-o melhor
(...) dizia-me (...) que me lavara do meu pecado
(...) e pediu-me, se podia abraçar-me:
"Não", respondi.
(...) pondo-me a mão no ombro."-(...)porque o seu
coração está cego. Rezarei por si."
(...) qualquer coisa rebentou dentro de mim.
Pus-me a gritar(...) insultei-o e disse-lhe para não rezar(...)
Olhou-me uns instantes em silêncio. Tinha os olhos
cheios de lágrimas. Voltou-se e foi-se embora.
Sentia-me agora outra vez calmo. (...) A paz(...)
entrava em mim(...) como se esta grande cólera me
tivesse limpo do mal (...)
in O Estrangeiro, Albert Camus
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