17.3.06

praça dos encontros desnivelados


Formatados os olhos no seu comprimento
O aqueduto descola do chão a possibilidade da
Ausência do ar que nos enforma
E nos faz ser e estar aqui

Desencontrados transpõem-se para
os níveis que lhes são interditos
para passar os níveis é preciso mostrar competências
e estudam arduamente, trabalham, vivem o dia trancados
dentro de si próprios, discursam para si
Ouvir-se desencadeia-lhes reacções orgásmicas
Querem colar o mundo dentro de si num cuspo
Das colagens vomitam o que lhes parece fazer saltar de nível

As praças superiores parecem-lhes mais luminosas
Cá em baixo a erva e a terra cheiram mal
O nosso estrume que fertiliza a terra é incómodo
É mole, é feio, e baço
E empinam tudo querem saber as coisas que os fazem ganhar pontos
Querem enlatar o mundo num canivete suiço e poder abrir a ferramenta específica
Que lhes resolverá uma situação específica que um dia leram que lhes poderia acontecer na vida entalada nos livros

E todos os livros leram e tudo tentaram enlatar na caixa de neurónios
mas ainda ninguém lhes forneceu a cola para colar os pedaços do modelo da vida
que compraram em fascículos com as instruções de montagem e de utilização

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