19.8.06

é melhor estar no mundo do que construí-lo

Desde o início do ano que trabalho para projecto mas nada se compara com a quantidade de trabalho que já fiz e deitei fora desde o fim de junho até agora, época em que terminam as outras 7 cadeiras, que nos "comem" o tempo físico e mental (e que ainda vou fazer até dia 8 de setembro).
Na verdade tive, para além desta cadeira fulcral de projecto, mais 4 cadeiras de projecto, urbanismo, construções, estruturas, e recuperação arquitectónica. Todas com a sua componente prática e teórica (2 testes e dois trabalhos de alguma complexidade).
Uma pessoa mesmo não percebendo nada deste curso, dirá "mas porquê cinco cadeiras de "projecto" quando podem ter apenas uma " ainda por cima num quinto ano onde se prepara um aluno para o "mundo real" e para um sexto ano de estágio académico e um sétimo de estágio para a ordem? Pois é esta situação ridícula, muito típica do "ensino Português", é aceite por nós alunos "coisificados" por este sistema de rebanhos, e pelos docentes que delegam sempre as responsabilidades de um sistema decadente para cima de outros dizendo que "(...)já há muito que vêm alertando para o facto!" e que "(...)já não vale a pena dizer mais nada!"
Que lógica tem estarmos agora a terminar um trabalho de projecto durante um mês, que supostamente vem no nosso calendário como mês de férias, e numa altura onde as outras cadeiras que nos poderiam apoiar nesta fase já "fecharam a loja"!?
Se repararmos bem ou urbanismo não devia existir ou o plano urbano que estamos a fazer para o vale de santo antónio deveria ter sido feito em urbanismo. Já a cadeira de recuperação deveria ser também adaptada a esta lógica de "reabilitação de tecidos urbanos". Construções se se colocasse no seu lugar também deveria estar a funcionar na altura em que estivéssemos a projectar, os projectos não são desenhos "bonitinhos" bidimensionais com umas "composições geométricas". "Composição geométrica" é coisa que não cabe na minha "cachola", vê-se logo que é coisa de gente que não percebe nada de geometria, para mim
a geometria é "uma forma de representação de um ser aí " que embora sirva como forma de comunicação nunca é a "coisa" em si, a arquitectura envolvendo uma entidade que é um corpo implica um estar aí que consegue ser mais cinematográfico (embora ainda redutor) do que sucessões de fotografias congeladas! Nesse aspecto conseguimos identificar no gaudí um espaço que em vez de ser "empurrado" (formado) apenas com os olhos extrapola o corpo e torna-se num habitar fenomenológico. Volta-se ao ventre materno, ao ninho onde sentimos as paredes como "muros" protectores do "lá-fora" do espaço à mercê "do desconhecido".

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