(...)vinha pelo pelo passeio na direcção oposta, a menos de dez metros de distância.Era a rapariga (...) morena.(...)não teve qualquer dificuldade em reconhecê-la. Ela olhou-o bem no rosto e continuou a caminhar muito depressa, como se não o tivesse visto.
Durante alguns Segundos(...)ficou de tal modo paralisado que não se conseguiu mexer. Depois virou à direita e afastou-se vagarosamente, não reparando logo que seguia na direcção errada. Fosse como fosse, uma questão estava esclarecida .Já não lhe restavam dúvidas, a rapariga andava a espiá-lo. Devia tê-lo seguido até ali, pois não era crível que por puro acaso passassem os dois (...)na mesma ruela obscura, a quilómetros de distância dos bairros onde viviam(...). Coincidência demasiado grande.(...)Bastava-lhe saber que ela o vigiava.
(...)Mas o pior de tudo foi a dor de barriga.(...)Depois o espasmo passou deixando atrás de si a dor surda.(...)
A rua não tinha saída.(...)parou, ficou vários segundos a meditar no que havia de fazer, a seguir deu meia volta e começou a percorrer a rua em sentido contrário. (...) lembrou-se que a rapariga se cruzara com ele três minutos antes apenas, e que correndo provavelmente a alcançaria. Segui-la-ia até chegarem a um local sossegado(...)
Mas abandonou de imediato o projecto, pois a simples ideia de fazer qualquer esforço físico era-lhe intolerável. Não se sentia capaz de correr (...). Apoderara-se dele uma lassidão mortal. Só queria chegar depressa a casa para poder sentar-se e ficar tranquilo.
In Mil Novecentos e Oitenta e Quatro, George Orwell
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