2.6.09

da regulamentação da arquitectura

Desprovida do sujeito que o enforma o espaço mecaniza-se, autonomiza-se e cria regras que o tornam administrativamente eficiente.E o lugar do corpo, atira-se a um caixão?

4 comentários:

jraulcaires disse...

Em tempos idos, na FAUTL, chegou a haver uma conferência com o tema: Poderão ser os regulamentos e instrumentos legais "per si" se geradores de Arquitectura? Por acaso não pus lá os pés. Só a ideia é assustadora. Ou talvez não, não sei. Por um lado, basta verificar o que tem vindo a ser gerado por essses arrebaldes fora nos últimos 30 anos, coisas que decorrem de uma rede viária com espaços intersticiais plantados de edifícios que obedecem a cérceas, decorrem do rgeu e poco mais, em que aquilo que poderia ser o espaço público são espaços residuais, sem quaisquer preocupações de humanização e de serem geradores de vivências.

Por outro lado, existe a "linha", da marginal, em que na sua gestação foram consideradas uma série de normas quanto passeios, muros, etc. E claro, algum planeamento, indispensável, se bem que incindindo sobre indíces e aspectos quantitativos.

Aparentemente, enquanto isso funcionou, foi possível garantir algum ordenamento, alguma harmonia, capaz até de suportar arquitecturas menos boas.

Existe uma coisa, quando percorremos os países da europa, que se nota no espaço urbano como no espaço rural, é que tudo parece traçado a régua e esquadro, e não se fica com a sensação de "patchwork" com que ficamos quando percorremos o nosso país. É certo que esses países tiveram que ser reconstruidos depois da II guerra mundial.

Que esse patchwork até pode ser um elemento de enriquecimento - estou-me a lembrar do aglomerado medieval, ou mesmo do bairro da lata, que peca por ausência de condições de salubridade, etc e é fruto da miséria mas não é forçosamente inestético. engraçado como até é um espaço de multiculturalismo.

O facto é, que de certo modo, representa uma linguagem de padrões, como apontou Christopher Alexander.

De certo modo, os aspectos que referi, representam polos opostos, a virtude estará sempre no meio ou na hábil conjugação de todas estas realidades. Planear e arquitectar é complexo...

jraulcaires disse...

Dei alguma gralhas no texto, pelas quais peço desculpa. Acontece-me quando escrevo neste "media" e não verifico os textos.

Marta disse...

Concordo consigo quando diz que arquitectar é complexo, contudo tenta-se simplificar criando listas de regras legisladas por juristas e por arquitectos, resta saber se estes têm prática de projecto ou já há muito se encontram por detrás dos papéis.
Não sei de quem seria a responsabilidade disto, uma vez que a avaliação de um projecto a "objecto arquitectónico" é apesar de tudo complexo e de linear de facto terá muito pouco. Deixamos em aberto sem regras e esperamos que a quem compete decidir avalie e julgue o destino dos papéis com "desenhos impressos" entregues a estes? Ou precisaram também os arquitectos de legislação que os resguarde e informe sobre o âmbito em que se movimentam? Não sei?
Julgo contudo que tratando-se de uma cidade e de um lugar que se pretende organizado e com regras deverão haver limites que a tornem possível, julgo que sem limites também não lá chegaremos. Agora é preciso ter muita atenção quando se criam os limites, uma vez que as pessoas que os usarão são humanos que falham e que sendo os limites muito abrangentes poderão também ser lidos de várias formas.
É tudo muito falível parece-me.

Marta disse...

peço também desculpa pelos erros,
como onde se lê "Ou precisaram também os arquitectos(...)" leia-se "Ou precisarão também os arquitectos(...)".