1.2.05

Amurei-te, habito e não me quero libertar!

"(...) Tudo aquilo que fizermos,
de noite CAIRÁ.
Até decidirmos

murar no muro

a primeira esposa
a primeira irmã (...)

A Bela não parou

e continuava a vir

e aproximava-se mais

Quando (...)viu isto
Chorou-lhe o coração

Ajoelhou-se de novo
E rezou ao senhor

Mas(...) Não voltava

e continuou a vir
e pelo caminho hesitava
e aproximava-se mais

(...) P E R T U R B O U _ S E

beijou a sua bela
levou-a pelo braço
subiu aos andaimes
colocou-a sobre o muro

(...) "Está firme minha bela

não te assustes
se te murarmos



(...) E pois começou a

CONSTRUIR o muro
a executar O SONHO



O M U R O subiu
e enclausurou-a

(...)o muro APERTA-ME

e esmaga o meu corpo

(...) Já se não via
Mas lá se ouvia

O muro aperta-me(...)"

in "A Lenda de Mestre Manole", lenda tradicional romena segundo versão de Mircea Eliade



2 comentários:

Anónimo disse...

Até parece que foste tu que tiveste a iniciativa de ler o livro... não terá sido uma sug... aliás uma obrigação de o ler, que tiveste a sorte de o conhecer?

Marta disse...

Eu não vejo uma suposta obrigação como falta de iniciativa...
Nem tudo o que lemos vem-nos bater à mão por iniciativa própria. E isto não tem de ser necessariamente mau, eu não nasci a saber tudo e ainda bem, porque senão a vida não faria sentido.

E não será isso o que de mais interessante tem o nosso mundo, aprendermos com os outros, e nunca nos encerrarmos em redomas de certezas

estas podem tranquilizar-nos, mas depois se algum dia esta deixar passar um ruído externo que seja a redoma parte-se e resvalamos abruptamente para um mundo que deixou de nos ser conhecido.