24.12.05

Deixar de nascer

Uma vez vi o desespero em velhotes de plasticina que se atiravam de um penhasco para a morte, mas ela não vinha. Estava morta!
Tentavam explicar assim com esses desenhos animados às crianças, que ainda não tinham aprendido a controlar e aceitar a morte, que afinal a morte tinha um propósito. Seria muito mau continuar vivo e continuar a assistir de dentro à degradação do corpo. Pois! Mas explicaram mal, apenas contribuiram para que continuassemos a achar que a vida acaba quando ganhamos vincos, brancas, manchas, artrites e senilidade! E se pusessemos a questão ao contrário? Sim! E se deixássemos de nascer?
Todos os anos celebramos o nosso nascimento, nos aniversários . Todos os anos celebramos simbolicamente no Natal o Nascimento de Cristo. E embora não pertença a nenhuma religião (deixaram-me essa difícil tarefa de decidir! Não me parece que o vá descobrir! Não consigo ter fé! ), celebro-o porque, embora os "Estados Laicos" o tentem apagar da história, cultura e entranhas humanas, faz parte de nós.
E estupidamente dizemos todos (eu por acaso nunca o disse!) que o natal deveria ser todos os dias. Mas não podemos pedir que Jesus nasça todos os dias, ele tem de deixar nascer nos outros dias as outras criaturas da terra! Assim como também não somos bons nem maus todos os dias, e nem a morte nem o nascimento podem deixar de existir não podemos achar que o mundo seria melhor sem fome, nem guerras, nem ladrões e nem aldrabões!

Sem comentários: