13.3.07

do mofo

Sim tem toda a razão o nome da obra de Maurice Merleau-Ponty, realmente não se chama "Fenomenologia do Espaço" mas sim "Fenomenologia da Percepção".
Devo dizer-lhe que ao contrário do que afirma na sua resposta à minha resposta "transpira" precisamente todo o "mofo" dos gabinetes das faculdades de Arquitectura que tanto abomina. A maioria do nosso corpo docente das escolas de arquitectura tem raízes
muito marcadas nas "cartilhas" modernistas. Temos toda uma geração docente que se serviu das passagens administrativas e de alguma veia contestatária ao regime vigente anterior ao 25 de Abril de 1974 para se colar como um polvo ao poder das faculdades.
São todos iluminados e os professores que até nem leccionam a cadeira de Teoria da Arquitectura acham que esta devia ser subjugada a toda e qualquer forma de projecto. Muitos chegam a afirmar que não é porque as "teorias" (permita-me que eu
lhe chame "dogmas") do modernismo falharam que elas são necessariamente más (como vê até o mofo da faculdade está de acordo consigo). Ao contrário do que afirma quando o professor Centeno Gorjão Jorge (docente de Teoria da Arquitectura de 4º ano) me indicou a "Fenomenologia da Percepção" de Merleau-Ponty percebi afinal que o mofo não se tinha instalado em toda a faculdade. Falamos de algo mais abrangente do que uma mera cartilha onde os meninos da primária decoram umas notas de rodapé, uns nomes importantes, coisas que os outros disseram que eram importantes e umas formas estranhas de juramento, quase como se vendessem a alma a uma seita de fast-made-architecture.
Digo-lhe que todos os acérrimos defensores da Carta(ilha) de Atenas julgam que a sua "suprema visão" é a salvação da humanidade e que a "classe" é uma profusão de pequenos cristos que carregam uma pesada cruz e que todos lhes atiram pedras porque ninguém ainda pecebeu o seu grande desígnio.
Por favor não tranquem a arquitectura na esfera hermética do modernismo. Não façam da arquitectura uma "coisa" a que chamam "arte" porque um "crítico" disse que era. Não façam como acontece no nosso país com as demais "veias artísticas",como o cinema, o teatro e a dança portugueses que resulta no inevitável afastamento das pessoas destas "coisas". A culpa do estado da arquitectura do nosso país volto a afirmar é nossa e toda nossa (da "classe", como gostam de chamar). Já que falou no Arquitecto Gonçalo Byrne veja-se o exemplo deste no Chiado e diga sinceramente se não acha que aquilo se tornou num "ghetto" de uma "Prima Donna".

Sem comentários: